terça-feira, 27 de novembro de 2007

O desvairo de concretizar os sonhos

Todos nós temos sonhos. Eles estão impressos algures, dentro de nós. De vez em quando vêm à superfície solicitando-nos que os tornemos exteriores a nós, pedindo-nos que os levemos a cabo. Quantas vezes lhes dissemos: “Fica para mais tarde, fica para depois. Agora não pode ser. As circunstâncias não o permitem.” Por quanto tempo vamos manter este discurso de adiar repetitivamente o que o nosso eu mais íntimo nos incita?

Partilho contigo as sensações que me ocuparam no momento de viver as experiências libertadoras de ousar concretizar os sonhos que transporto dentro.

Envolve medo, angústia pela incerteza do que está no topo da montanha, que é o sonho a concretizar e principalmente que escolhos vamos encontrar no caminho. Esse sentimento ocupa-nos e prende-nos os movimentos. Temos receio de sofrer, daquilo que temos de largar mão se nos arrojarmos a fazer a viagem (seja ela geográfica ou interior). E sabemos que se ficamos no mesmo lugar onde nos encontramos, sempre nos questionaremos: “Como seria a minha vida se arriscasse concretizar este e aquele sonho”. E a angústia vai aumentando de volume e tamanho, tornando-se numa camisa de forças. Os que nos rodeiam começam a perceber que algo dentro de nós começa a levar-nos para longe. É natural que os que nos amam quando são elucidados do lugar onde estamos quando o pensamento voa, se assustem. É natural que eles sejam os primeiros a apertar mais a camisa de forças que transportamos. Questionamo-nos se estamos a ficar loucos. Questionamo-nos se vale a pena. Principalmente porque saberemos que muitos dos que amamos sofrerão com os riscos de trilhar alamedas novas e desconhecidas também para eles.

Posso confidenciar-vos que mais de um par de vezes saltei para o vagão do comboio que me conduz na concretização de sonhos que carrego dentro. São decisões ponderadas, muito digeridas, que levam o seu tempo a amadurecer. Um turbilhão de sentimentos me invadiram, como os que acabei de descrever. E no momento em que decido - em que me digo: “É agora! Aqui vou eu!!!!!!!!”- sinto um frio na barriga. É semelhante à sensação que se experimenta quando pela primeira vez saltamos de uma prancha para a água. As seguintes decisões, de concretizar os demais sonhos, continuam a provocar esse gelar no estômago. Curiosamente, à medida que vamos concretizando os restantes sonhos, a prancha parece ir subindo de altura!!! Creio que se deve aos sonhos seguintes implicarem maior arrojo, pelos desafios que abarcam. Deve-se igualmente à maturidade. Ela traz lucidez e consequente consciência mais abrangente das implicações de cada decisão. Por isso as sensações não diminuem, mas vão aumentando de intensidade.

Não deixes que as vozes derrotistas transformem os teus sonhos em fumo. Não deixes que os ridicularizem. Eles são teus! Trata-os bem! Com carinho e com orgulho. Nada é impossível, nada. Basta acreditar, basta crer com toda a nossa alma. Basta valorizar o melhor que temos e nos rodeia. Basta partir dessa capacidade de agradecer tudo o bom que temos. Estamos neste mundo para ser felizes. Cada minuto que passa recorda-nos isso. Tik tak, tik tak, tik tak. É hora de ser feliz. É hora de dar os passos na construção dessa felicidade. A felicidade não é um momento, um instante. A felicidade é a alegria de percorrer o caminho direccionando-nos na construção dos nossos sonhos. Existem momentos em que duvidamos, em que fraquejamos. É normal, faz parte do processo. São momentos fulcrais de realinhamento, de tirar de novo as coordenadas e reajustar o itinerário.

Envolve os que amas nesse percurso. Independentemente de estarem longe ou perto, de temerem que sofras, eles torcem por ti. Não deixes de seguir os teus sonhos porque achas que vais fazer sofrer os que amas. Porque eles só serão plenamente felizes se tu o fores! E isso sim é a prosperidade!!!!!!!!!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Ode ao Silêncio


Silêncio
Acolhe-me
Envolve-me em ti
Deixa-me ficar em tua casa

Quero deixar de ser tua hóspede
Para passar a pertencer à família

Quantas vezes terei de servir à tua mesa?
Imagino que as necessárias
Até que aprenda todas as lições da palavra muda

Vamos os dois passear pelo som vivo da tua presença
Leva-me pela mão nesses labirintos de cristal
Deixa-me só naquele instante em que os gritos de vitória ocupem o vácuo
Ai anunciarás que estarei preparada para o início
O início da comunicação autónoma

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O legado do meu amigo Jerónimo


Nós, aqueles que escolhemos seguir o nosso coração sentimos de forma muito peculiar o que significa a palavra "precariedade". Porque para seguir o caminho que nos dita a intuição precisamos aceitar que a vida é impermanente. Tudo muda, a cada instante. Sem darmos conta, nós estamos em constante movimento, rotação - o planeta terra não está fixo, ele gira em torno do sol.

Só compreendendo isso - aceitando que a permanência não existe - podemos sentir a coragem para palmilhar o caminho da felicidade. Isso não significa que as escolhas que fazemos na vida sejam fáceis. E quem disse que para ser feliz o caminho percorrido é constituído de facilidades? Pelo contrário!!!!!!

Ao longo da vida vamos fazendo escolhas. Muitas vezes somos confrontados com percursos que não desejamos fazer, opções que não estávamos preparados para tomar. Aí, damo-nos a oportunidade de levar tempo a decidir. É natural que aqueles que têm um coração muito grande desejem levá-lo a muito lugares desconhecidos. O medo apodera-se nesses momentos e sentimo-nos atados por eles, quase incapazes de optar e consequentemente de viver.

O meu amigo Jerónimo partiu há dois dias. Ele deixou um bonito legado, que não se esgota nas suas belas filhas e esposa. A mim (e a outros certamente) ele deixou outra herança. Ele e elas ensinaram-me que a vida é para viver agora, que não podemos deixar para amanhã para amar, partilhar, experimentar...

Apesar de ele me expressar em palavras que não suba para os aviões que me levam ao próximo destino, o seu testemunho ajudou-me a seguir a voz interna que me conduz no trilho iluminado da felicidade.

Obrigada Jerónimo

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Maratona

Estar em missão é como correr uma maratona
O cortar da meta é visualizado em cada passada
Corremos para lá chegar
Suamos
Vamo-nos hidratando entretanto
E quando estamos perto da linha de chegada
As forças parecem querer fugir
Para de novo emergirem
Cumprido o objectivo regressamos a casa
O sabor da vitória mistura-se com a visualização de outra meta
E o tempo de espera que leva a recuperação
Torna-nos impacientes, ao mesmo tempo que ausentes
Até que nos vemos, de novo, com os pés no alfalto
Regogizando com o realizar do presente repto

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Avança!

Avança!
Adianta agora caminho
Dá passadas fortes, seguras
Agarra com as duas mãos o testemunho que te deixam
E parte na jornada anunciada

Não temas pelo depois
Não teimes nos “porquês” e nos “senãos”
Assume com alegria a verdade anunciada

Constrói
Consome o ar, não o poupes
Respira a beleza que te acompanha

Chegou o momento
É agora!!

sábado, 28 de julho de 2007

Renascer

Consciencializo onde estou e as condições de vida que aqui possuo
Percebo que este contexto não se repetirá:
As manhãs precoces
Os dias longos
O silêncio da natureza
As noites calmas
A chuva e o alvor

Aqui voltei ao início
Aqui recomecei
Aqui voltei a nascer
Aqui um novo grande ciclo teve o seu início
O meu segundo ciclo!

E como para quem nasce tudo é novidade
Terei de acostumar-me à descoberta
A reconhecer o novo e a explorá-lo em vez de temê-lo.

terça-feira, 24 de julho de 2007



















As horas vazias ocupam-te a mente
Baralham os pensamentos
Não permitas que te guiem, que te aconselhem
Dá-lhes ar, espaço
Até que desapareçam...

Treina a tua mente ser ocupada pelo vazio
Treina o teu corpo ser ocupado pelo trabalho
Treina o teu espírito ser ocupado pela oração

Humildemente autoriza que te iluminem o caminho
Em cada passo verás onde colocas os pés
E mesmo que não visualizes o trilho mais adiante
Confia
Quando lá chegares novas tochas te iluminarão
A sombra que te acompanha recorda-te que não estás só

quarta-feira, 11 de julho de 2007

As horas



















As horas adquiriram um novo som
As horas agora têm um novo sabor
As horas possuem uma nova textura
As horas já não têm o mesmo odor
As horas cobriram-se de cores diversas

Elas são mais
melodiosas,
doces,
macias,
aromáticas e
transparentes.

Convidam
À partilha
Oração
Contemplação e
Meditação.

São
Generosas
Gentis e
Misteriosas.

Anunciam o concretizar de preces antigas
Aconselham prudência conduta
Festejam o alcançado!

domingo, 8 de julho de 2007

Passadas



















A alegria da missão cumprida
Eleva os olhos em direcção ao horizonte
Faz desenvolver a semente
Do projecto maior que está a crescer
É ainda embrião
Mas já deixou de ser mórula

Vou dando passadas em direcção aos próximos desafios
Os que virão serão ainda mais altos
Alimento a serenidade,
O amor fraterno
O bem fazer.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Harmonia fraternal


















Liberta-te dessa camisa de forças
Desse peso que os deveres te sufocam
Constata a beleza que te rodeia
E que o urgente, afinal não é tão apressado
Revê as horas e os dias que te faltam
Como se fossem gotas de orvalho
Que caem sem que dês por isso
E quando olhas em volta reparas no ar fresco que deixam

Convoca os teus irmãos para que festejem contigo
A alegria do passar dos dias
Esses que vos presenteiam com a partilha mútua
Que vos recordam a alegria da amizade

Deixa que o sabor da compaixão
Penetre nas papilas gustativas do teu coração
Permite que saia dos teus lábios
O doce som da harmonia fraternal
Abraça cada um com a alma
A alma que te sai dos olhos em cada pestanejar

sexta-feira, 22 de junho de 2007



















Busco em cada olhar
A faísca original
Do momento da criação
A prova de que Deus
Está em cada um de nós

Inspiro-me em cada brilho do olhar
Busco em cada um
O Seu amor incondicional
E transcrevo-o em gestos de amizade
De simples fraternidade

Em cada amanhecer
Busco de novo
A alegria
A compaixão
A lucidez
A paciência
A paz interior, serenidade
Para que possa dar a cada irmão
O melhor de mim

quinta-feira, 14 de junho de 2007

No Teu Reino

Sinto-me perto de Ti
Sinto-me dentro do Teu Reino
O Reino do Amor, do excelsus espírito

Os anjos hoje vieram visitar-me
Fazer um banquete de luz
Voam à minha volta
Enchem-me o regaço de flores coloridas

Estão felizes,
Estão em júbilo
Emocionada atiro as flores ao ar
Que banham as suas cabeças luminosas,
Enquanto dançam ao meu redor

Canto e danço com eles
Ganho asas e pairo,
Encantada com a beleza do alvor.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Bússola

Remo um novo barco
Com uma nova tripulação

Confio na bússola que carrego
Deposito a seu lado a minha bagagem
Consciente que posso levar mais tempo a bordo
Que o inicialmente esperado

Viajo nas ondas de mares diversos
Cruzo várias rotas
Rotas que se cruzam com as minhas
A algumas deixo o toque do indicador esquerdo
A outras deixo marcadas todas as impressões:
As digitais... e talvez colossais

Independentemente disso
Sigo naquela rota traçada
Mesmo que aqui e ali
Contorne alguns icebergues disfarçados de baleias brancas

A bússola vai-me lembrando
Quando me desvio demasiado do plano
Apesar de ser antiga continua afinada

quarta-feira, 30 de maio de 2007

A beleza da espera


















A beleza da espera enquanto se caminha
Para alcançar o sonho tão amado e desejado
Leva-me a conduzir o veículo da esperança

Serena caminho
Confiante de chegar
Ao porto já de longe avistado

A beleza da espera
Confia-me os seus segredos
Avisou-me que não devo escutar:
Os maus augúrios
Os pessimistas
Os derrotistas
Os fundamentalistas
Os alarmistas
Os que julgam ser donos da razão
Os que fogem ao primeiro toque do alarme
Os que insistem nos mesmos dogmas
Os que recusam aprender
Os que teimam em perder

A beleza da espera
Ensinou-me que enquanto isso
Há que caminhar
Enquanto se espera também se caminha
Enquanto se caminha também se espera.

domingo, 20 de maio de 2007

Utopias

Chega de olhar para o infinito
Aquele que nos amarra a um passado
Que por definição está perdido

Nada possuo
Nada tenho
Tudo desejo:

O amor entre os homens
As bocas saciadas
O fim do cheiro a pólvora
O estancamento do sangue
A harmonia desigual.

Agarro a minha, a tua e a nossa felicidade.
Quando vens para ajudar-me a sustê-la?
Quando cooperam outros connosco na sua alimentação?

Desperta desse sono turbulento
Visita-me quando te levantares
Traz contigo os que acabaram de lavar a cara
Juntos construiremos uma nova comunidade
A comunidade da LUZ!

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Hoy es tu día, Mamá!











Hoy es tu día, Mamá!
El día en que me acuerdo
A quien debo el aire que respiro
Por eso me acordé de decirte estas palabras:

Querida Madre
Como te quiero
Como te espero
Como te imagino
Entrar por aquella puerta
Sonriendo con los brazos abiertos
Para cogerme y de nuevo besarme
Abrazarme

Y quedarnos por largo tiempo
Yo en tus brazos
Y tu en los míos

Te quiero más que antes
Te amo desde tiempos inmemorables
No nos acordamos
Pero lo sabemos
LO SABEMOS MAMÁ!!!

Y porque hoy es tu día
Lo celebramos

Celebramos con el amor que no conoce la distancia
Porque, aun, lejos
Nuestros corazones
Permanecen unidos

Los lazos que los unen
Se fortalecen
En cada noche que pasamos lejos

Y aun que estés más triste
Y cansada de la lejanía
Mira las estrellas
La que brille más
Soy yo que te guiño el ojo

Y, como hoy es tu día
No extrañes ver más estrellas brillando.



(Poema dedicado a todas as Mães, feito como homenagem a algumas mães cubanas em missão. Está claro que a minha (Mãe) foi uma das fontes de inspiração)

sábado, 12 de maio de 2007

Farewell

And, when you’re far from here
When you go back to your family and friends
Even in the darkness of the night
When you feel sad and cold
When there is no one there
Remember the ones who shared with you
All those unforgettable moments

There is no past, present or future
There is only the existence:
All of us
Together
In the same universe

We,
The ones who travel all around the world
Have the chance to meet wonderful human beings
As you!

Take with you
A little piece of us
Take good care of it

We will do the same!!!!
You are with us,
Here,
In our hearts!!!!!!!!!!!!


(Dedicated to 2 of our colleagues who will go back home soon,

Dedicado a 2 colegas nossos de missão que brevemente regressarão a casa)

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Sigo-te vocação


Sigo-te vocação
Viajo nas tuas asas
emprestadas de um anjo
que indicou o caminho

Sei para onde vou,
Desconheço o roteiro

Daqui de cima vejo
A bela paisagem,
Os animais que a serandeiam,
A gente que a habita,
Os ventos que a trespassam.

Olho de soslaio para trás
Vejo o olhar dos que já não privam da minha companhia
Pisco o olho num “Até logo” e dou-lhes um abraço bem forte.
De seguida olho de novo em frente e sigo jornada.

Prescindo do conforto,
Da “estabilidade-garantida”, de um emprego de “quadro”
Dos “mimos” da família,...

Ganho em aprendizagem:
Com os velhos que me oferecem o seu tempo e verbo,
Com as crianças que me escutam e fazem comentários sábios e perguntas descomprometidas,
Com os atrevidos que ousam troçar, desvendando as minhas superficialidades,
Com os loucos que farejam os medos,
Com os animais selvagens que dominam os temores,
Com as mulheres que recordam a fragilidade do espelho,
Com os homens que não deixam esquecer a velocidade da flecha,
Com as flores, as aves e os insectos da floresta revelando a cada momento a beleza maravilhosa da vida.

Em cada coordenada encontro-vos, abraço-vos!

terça-feira, 1 de maio de 2007

Somos imortais

Tenho gravado no pé direito uma espiral que simboliza a vida eterna. Acredito que somos imortais, que a vida que actualmente experimentamos é apenas uma breve passagem na existência eterna a que pertencemos. Mesmo que não acredites nisso debruça-te uns momentos nesta preposição. Imagina que és uma esfera, apenas uma entre inúmeras. Visualiza-te no espaço entre todas elas e viaja pelas vidas passadas que te couberam.

sexta-feira, 27 de abril de 2007

O tempo

Temos momentos em que desejamos que o tempo não passe. Outras esperamos que passe rapidamente, tão rápido que não se sinta. Caimos na estratégia ardilosa da mente de controlar algo que, afinal de contas, não existe. O tempo como o interpretamos não existe. Existe apenas o sentir diferente, consoante as sensações de dor ou de prazer.

Evitamos a dor e veneramos o prazer. Transformamo-nos em escravos do hedonismo e agoirentos do sofrimento. Conhecemos e aceitamos que existe a noite e o dia, o quente e o frio, o doce e o salgado, o seco e o molhado, o dentro e o fora, por cima e por baixo, mas ainda não conseguimos suportar o antagonismo da alegria e do sofrimento.

O tempo é um grande mestre, que mostra que nada é permanente. O tempo cura as feridas e traz novos presentes, que de novo incluem dor e prazer. O tempo também nos ensina que para viver em harmonia há que experimentar ambos, dando-lhe a importância que têm: nem o prazer é assim tão fantástico, nem o sofrimento tão mau. Precisamos de ambos para viver e crescer espiritualmente.

Levo o amor aonde vou. Transporto-o em cada olhar, transporto-o em cada toque, a cada irmão e irmã. O tempo sussurrou-me ao ouvido que carregaria de volta mais amor, mais compaixão, perdão e reconciliação!

Confio em ti, ó tempo, ó mestre, ó curador.

Permite-me que não me limite a confiar. Permite-me que te recorde da tua promessa, multiplicando ainda com mais sorrisos e suaves toques de amor fraterno.

Espero-te, contudo, naquela esquina onde sussurraste com o vento: “Tudo é possível, basta AMAR, basta dar-se com a generosidade do vento que transporta cada grão ao lugar onde renascerá aquele fruto que um dia também foi semente.

SEMENTE – FRUTO – SEMENTE

Que importa o tempo que levou o processo?! O tempo não conhece o «muito» ou «pouco». Simplesmente é.

Amiga/o, simplesmente SÊ. Dá o melhor de ti. Quando estiveres na madurez da tua existência e quase a ser semente recordarás a beleza do processo. Recordarás que o processo é mais importante que o fruto em si.

SIMPLESMENTE SÊ!!!!

sexta-feira, 13 de abril de 2007

A saudade

Não sinto saudade dos que amo
Porque os tenho presente todos os dias na minha pele, no meu coração, na minha mente, na minha alma

Não tenho saudades das paisagens que conheci
Porque as trago presentes na retina

Não tenho saudades dos objectos que deixei para trás
Porque não preciso deles

Sinto apenas saudade dos sonhos por realizar...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Somos loucos

Somos loucos.

Nós,
os que sonhamos,
os que desejamos com grande paixão um mundo melhor,
os que perseguimos ideais humanitários,
os que colocamos em risco a nossa saúde em locais inóspitos e insalubres,
os que deixamos as nossas famílias por longos períodos,
os que trocamos uma cama lavada e a cheirar a fresco por um saco-cama pestilento,
os que choramos baixinho quando vemos a fome e a doença perante a momentânea e aparente impotência...

Nós,
os que sonhamos,
os que abraçamos as utopias,
os que arregaçamos as mangas e sujamos os pés na lama,
os que saltamos de alegria com o sorriso de uma criança,

Somos loucos
Somos felizes
Somos paz, somos luz, somos amor!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Caminho bifurcado

Num dos momentos de meditação recebi a seguinte mensagem: “Para encontrar o caminho é preciso estar perdido”.

Preocupamo-nos muito quando nos sentimos perdidos, quando a vida nos brinda com um caminho bifurcado. Temos dificuldade em tomar decisões, em tomar opções. Vamos acumulando tensões, vamos perdendo a lucidez e instala-se o medo que nos paralisa. Deixamos de viver o presente e ocupamos cada minuto para desvendar todos os obstáculos que eventualmente nos podem aparecer no caminho.Em vez de viver e saborear cada momento que o presente nos proporciona, accionamos o pensamento pessimista. Esta onda energética com certeza trará todos os pensamentos que mentalizamos. E tudo o que acontece de negativo nós interpretamos como uma verificação dos nossos maus presságios. Pensamos: “Eu tinha razão! Aconteceu como eu previa”.

Se, ao contrário, desenvolvermos pensamentos positivos e visualizarmos o que desejamos, estamos a canalizar as energias para que isso se dê, tenha lugar. A vida traz-nos vários presentes que muitas vezes não sabemos apreciar. Porque tememos sempre as coisas más e temos a nossa mente programada para evitar o sofrimento, vamos perdendo a capacidade de identificar as coisas boas. E quando elas surjem duvidamos com grande ênfase da sua veracidade e comentamos: “Parece demasiado bom para ser verdade”. As experiências dolorosas do passado fazem-nos hipotecar o nosso futuro, pelas ondas de medo que geram e nos paralisam, quando, em vez disso, poderíamos abraçar todas as maravilhas que o presente nos oferece. Em cada minuto recebemos infinitas bençãos que já não nos damos conta. Cada por-do-sol, cada gota de água que escorre pelo nosso corpo quando tomamos banho ou deixamos que a chuva nos toque, cada rajada de vento que nos acaricia o rosto, cada refeição que tomamos, cada abraço e sorriso que recebemos,...

Cada amanhecer nos recorda que o dia de hoje será diferente de todos aqueles que vivemos até ao momento. Esta habilidade de nos maravilharmos com a magia da vida é um dos segredos na arte de saber viver.

Nos dias em que parece impossível conseguir descobrir a beleza que nos rodeia, acontece sempre algo que nos conforta a alma. Basta estar atento e agradecido, por mais pequeno que seja o reconforto...

Nas coisas simples alcançamos isso: como uma bela borboleta que passa diante dos nossos olhos, um email ou um telefonema de um amigo que não sabemos notícias há muito tempo, um aguaceiro forte - mesmo quando nos apanha a meio do caminho...

sexta-feira, 23 de março de 2007

Força telúrica

Nas viagens regulares que faço às áreas mais remotas do distrito de Lautem, em Timor-Leste (onde me encontro a trabalhar como voluntária das Nações Unidas) disfruto de toda a beleza da paisagem que o percurso pela montanha nos oferece. Faço e ofereço aconselhamento na educação dos votantes. Apesar do objectivo principal ser a condução de sessões de educação cívica em cada suco ou aldeia, abraço cada ida e regresso como uma oferenda única e irrepetível. Porque cada viagem que se faz é diferente, mesmo que se passe pelo mesmo caminho dezenas de vezes seguidas. Cada dia é diferente do outro, pois diversas variáveis se conjugam para que isso se dê. A luminosidade de cada dia é distinta (e até no mesmo dia); as flores e restante vegetação vão-se alterando com as mudanças climáticas; os animais que povoam cada zona vão-se adaptando ou saindo; o humor e energia das pessoas (locais e internacionais) que vão na viatura também são únicos em cada dia.


Passamos a maior tempo nas viagens de ida e regresso. Aos sítios mais isolados podemos demorar mais de três horas para lá chegar. Partilhamos mais de seis horas, que aproveitamos para que sejam de alegria e comunhão. Nesse período dividimos a comida e bebida que trazemos, ouvimos música e dançamos ao seu ritmo (que se torna fácil com todos os buracos que encontramos no caminho - mesmo os mais tímidos são obrigados a mexer o esqueleto); partilhamos alegrias e preocupações dos locais nesta fase de eleições...

Em todas as viagens algo de mágico sucede. É uma experiência telúrica. Uma energia entra inexplicavelmente em cada poro da pele e percorre cada interstício do corpo. Chego fisicamente moída, mas com as baterias carregadas! Beijo e abraço os colaboradores num gesto de amor fraternal, sem preocupar-me com possíveis resquícias de pudor escondidas algures...

A vida é uma viagem não muito diferente das que faço quando vou à montanha nesta actual missão. Mais do que paragens e caminhos acidentados, ela tem a magia da força telúrica dos seres que nos acompanham.

quinta-feira, 15 de março de 2007

A solidão


Muitos de nós vemos com medo o facto de se estar só. Só em casa, só a tomar uma refeição, só em férias, só sem um/a companheira/o...

A solidão é como uma bola de algodão doce. Se formos prová-la é doce e de seguida desaparece na boca. Pega-se aos dedos e temos dificuldade em fazer desaparecer essa pegosidade.

É, antes de tudo, artificial porque nós não estamos sós. Contamos com a nossa companhia, a companhia da nossa pessoa. Sem nos darmos conta passamos a vida a fugir da nossa companhia. Fazemos de tudo para não a enfrentarmos: passamos o tempo em frente ao televisor, ouvimos música (muitas vezes as duas coisas ao mesmo tempo), sentamo-nos em frente ao computador horas a fio, temos conversas sobre temas sem qualquer relevância (como a vida alheia ou outras superficialidades), vamos ao shopping, trabalhamos mais do que deveríamos,..., etc, etc, etc. Enfim, inventamos infinitas formas de evitarmos estar em silêncio. Quando não temos nada para fazer entramos em pânico e sentimos uma tristeza enorme. A solução imediata que encontramos é ligar de novo a TV, o rádio ou telefonar a um amigo para sair. Ouço amiúde o comentário de gente a dizer que detesta ficar só, que teme a solidão. Como podemos desejar que os outros apreciem a nossa companhia se nós somos os primeiros a temê-la?!

A solidão pega-se aos dedos e fica pegajosa (como o algodão doce), porque ao evitarmos estar sós vamos de encontro a outros seres humanos que se encontram exactamente nessa onda energética. E assim vamos colando-nos uns aos outros para não nos sentirmos sós e não porque intrinsecamente queremos dar e receber, de forma a crescermos, sermos melhores para connosco e com os outros.

E porque é a solidão doce e desaparece de seguida na boca? Porque quem experimenta o prazer da sua companhia percebe que não está só. Por isso a sensação de solidão desaparece. Percebemos a beleza de estar só, de olharmos para dentro de nós, de amarmos quem somos. Para isso, em primeiro lugar temos de aprender a perdoar os erros que cometemos e de seguida lançar as bases para que não voltemos a cometer as mesmas falhas. Torna-se fácil se, por exemplo, conseguirmos rir das nossas falhas. Em cada uma delas há um humor escondido. Soltar gargalhadas dessas falhas ajudará a tornar o erro em algo menos pesado e sério.

Sabendo perdoar os erros e manter a mente atenta para não os voltar a cometer estamos preparados para começar a subir a escada da auto-superação. Estando a nossa mente direccionada no constante crescimento e desenvolvimento haverá lugar para nos sentirmos sós?

Existem infinitas formas de nos divertirmos com a nossa companhia. Partilho contigo uma delas. Experimenta-a!!!!!!!!!!

Põe-te a escutar a canção/música preferida. Fecha os olhos e solta todos os músculos do teu corpo. Vai seguindo o ritmo da música e deixa que, sem qualquer esforço, o teu corpo tome o comando. Deixa-te levar pela música, deixa o teu corpo fluir com a melodia. Lembra-te que que ninguém te está a ver. Sente a música vibrar nos teus pés. Sente a tua pele vibrar igualmente, sente como se vai refrescando pelo suor que vai saindo pelos seus poros. Liberta-te completamente e fica ai a usufruir dessas sensações o tempo que te apetecer.

Existem muitas outras formas de usufruir da beleza de estar só. Cada um encontra aquelas que mais lhe agrada. É claro que existirão sempre momentos de solidão. Fazem parte da condição humana. São momentos muito importantes do nosso crescimento pessoal. Se sentires uma dor muito forte que parece não querer desaparecer, consumindo o ar que respiras fala com os teus anjos. Dirige-lhes a palavra. Pede-lhes um abraço.

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2007

A amizade


Ao longo de trinta anos pessoas foram passando no mesmo caminho que eu. Algumas delas deixaram marcas fortes, não raras vezes desde o primeiro momento.

Com alguns de vocês partilhei apenas breves momentos, mas isso não significa que sejam menos valiosos. Carrego-vos no meu peito a todo o momento. De vez em quando viajo até junto de vós e partilho convosco momentos passados e novos.

Quando sentires uma sensação no teu coração – como uma picada forte no peito ao mesmo tempo que parece que dilata - sou eu que me aproximo de ti. Sente o ar morno que passa entre a tua orelha e pescoço enquanto sussuro ao ouvido o quão importante és. Estás a sentir agora? Sou mesmo eu!!!!!!

Não importa se não estou perto de ti fisicamente. Não importa se não me vês. Não importa se naqueles dias mais especiais os meus olhos não vão de encontro aos teus. Chama-me baixinho, desde dentro de ti, e em direcção a ti irei. Partilharei contigo cada sensação... alegrias e tristezas.

Não me esqueço de ti nunca, nem mesmo quando estou do outro lado do mundo, nem mesmo quando estou mais atarefada, nem mesmo quando Deus me coloca desafios elevados nas mãos como neste momento.

Vou-te contar...

Nestes dias fui visitar uma aldeia, não muito longe de onde vivo e trabalho. Tive a oportunidade de estar com a sua gente, entrar dentro das suas casas e conversar com os seus membros. Como deves imaginar, esta não foi a primeira visita que fiz à comunidade. Mas foi diferente de todas as outras. Nesse dia os meus olhos estavam mais atentos e o coração mais sensível. Era um dia chuvoso. Quando as nuvens descansavam de derramar o seu maná, o sol brilhava revelando o reluzir das gotas de água na vegetação e a cor de prata nos charcos de água.

Ao entrar nas casas retirava os chinelos, para não sujar o chão com as camadas de lama que se iam acumulando em cada passada. Cumprimentava os seus elementos e fixava as crianças que timida e suavemente chegavam perto de mim. Conversava um pouco, escutava as suas almas, respirava o seu ar...

Assim fiquei a saber que estão a passar fome. Não há arroz nem milho à venda. Nesse dia tinham ido ao mercado e estavam a contar, pelo menos, com alguns punhados de milho (que actualmente pela sua escassez estão a preços proibitivos). Nem isso encontraram. Resignados, regressaram a casa de lágrimas nos olhos.

Não consegui conter a chuva que também queria sair de dentro de mim. Sem que notassem varri com os dedos as gotas salgadas do canto dos olhos. Antes de vir embora apresentaram-me a um Sr. de 95 anos que passa o dia inteiro num quarto daquela humilde casa. O seu rosto resplandecia ternura. O majestoso esforço fisico que teve de empreender para se sentar na cama e me receber, a sua expressão facial, a sua fragilidade fisica e as palavras amáveis que me endereçou num perfeito português emocionaram-me de tal forma que as palavras de retorno tiveram dificuldade em sair, pelo nódulo que se formara na minha garganta.

Principalmente nestas ocasiões lembro-me de ti. Porque as recordações da nossa bela amizade me dão mais força para seguir no caminho, porque a recordação do teu sorriso e olhar alimentam a minha crença num mundo melhor!!!!!!!!!!!!!!!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

A felicidade


Depois das refeições fico a conversar com algumas das oito Irmãs Canossianas de Lospalos. As mais velhas, que sabem falar português, gostam de reciclar as suas competências linguísticas e é com prazer que partilhamos ideias e pensamentos. Dizem-me a todo o momento (principalmente quando começamos as refeições): «Nós simples, muito simples». As conversas são igualmente de grande simplicidade, uma simplicidade luminosa.

Neste momento vem-me à memória uma conversa recente com a irmã Felicidade. Ao perguntar-lhe a sua idade respondeu-me: «Tenho 72 anos. Sou muito feliz. Estou muito feliz com a minha idade e comigo». Esta afirmação tão peremptória e convincente contrasta com o seu aspecto franzino e débil. Os seus modos são gentis (como a maior parte dos seus conterrâneos timorenses), mas o seu andar não esconde a grande energia, mesmo sendo septuagenária.

Os caminhos de uma das conversas levaram a Irmã de novo até Itália, onde em tempos tivera passado uma temporada, parte do seu percurso religioso. Decorrente dessa estadia, contava-me a primeira vez que viu neve: «Estava a varrer a varanda quando vi cair algodão, mas quando tentei agarrar os flocos, não parecia algodão. Tinha uma textura diferente. Então fui para a rua e fiz uma bola de neve. Quando estava na hora de ir rezar coloquei a bola dentro do bolso e fui para a Igreja. Passado algum tempo vi que no chão começou a cair água. Não sabia de onde vinha, até que a Madre Superiora me perguntou o que tinha no bolso».

Contava-me a história e a cada palavra tinha mais vontade de rir. Dava gargalhadas entre cada frase. Recordava-se com alegria desses momentos, da descoberta dos flocos de neve e do efeito do gelo na presença do calor.

Todos os dias há histórias novas que saltam para a mesa de refeição. As Irmãs mantêm os seus sorrisos abertos e espontâneos, mesmo que estejam numa dia mais atarefado ou doentes. Observo-as e escuto-as - ora em Português, ora em Tétum – e penso: «Isto é a felicidade». Elas vivem em harmonia na sua comunidade, encontraram a sua missão e são felizes nela. Cada dia é uma oferenda que aceitam com agrado e generosidade. E transportam esse espírito em todas as suas acções, como no momento em que eu estava em meditação e a Irmã Felicidade espontaneamente me dá um beijo expressivo no rosto ao mesmo tempo que me abraça. A surpresa pelo gesto fez-me transbordar de emoção, não conseguindo conter as lágrimas enquanto de olhos fechados sentia os seus passos em direcção à porta.

Acredita, a FELICIDADE está na SIMPLICIDADE.

sábado, 27 de janeiro de 2007

O silêncio


Depois de dois meses a viver em Dili, regressei a Lospalos de “malas e bagagens”. Procurei o acolhimento das Irmãs Canossianas, que já conhecia de 2004. Existe uma grande estima e consideração recíprocas. Partilho com as Irmãs todas as refeições. Às sextas-feiras, na hora de jantar, o silêncio tomar lugar.

Sendo, por natureza, uma pessoa comunicativa os momentos de silêncio são como um elixir. Tomo-os como uma oportunidade para moderar os meus ímpetos comunicacionais. Não devo apenas às Madres Canossianas os rejuvenescedores silêncios. Devo igualmente às circunstâncias da missão que me obrigam a momentos longos de descanso (pela dureza do clima e do trabalho). Devo ainda a uma pessoa amiga que brindou a nossa amizade com longos silêncios.

Os silêncios são de diferentes naturezas: momentos de partilha, de descanso, de oração, proporcionando grande crescimento interior. Somos conduzidos a penetrar no nosso “Eu” interior, conviver com ele, apreciá-lo, aceitá-lo e a amadurecer, transformando as nossas debilidades em forças. Proporcionam uma maior clareza, serenidade, mesmo em momentos difíceis.

A todos os que me conduzem e disciplinam nestes belíssimos momentos de recolhimento, aqui vai o meu agradecimento.

domingo, 7 de janeiro de 2007

De partida para o distrito


Dentro de poucos dias irei finalmente “assentar arraiais” no distrito de Lautem. Passei quase dois meses em Dili, nos preparativos para a missão de acompanhamento do processo Eleitoral em Timor.

Decorrido este tempo já posso fazer algumas reflexões. A primeira é que cada missão tem um colorido diferente. As lentes com que vejo esta são certamente diferentes. Esperava estar todo o tempo no Distrito, porque, como sempre afirmo, gosto mais do ambiente rural para trabalhar e viver. Estando “forçada” a viver em Dili durante todos estes dias fiquei a sentir de uma forma diferente o seu ambiente e as pessoas que dele fazem parte. Percebi a sua beleza, apesar de continuar a apreciar mais o meio rural.

A partir desta semana permanecerei em Lautem, trabalhando afincada e directamente com a população.

Visto de novo a Lipa e calço os chinelos. Rasgo o sorriso e caminho até às crianças que se encontram a brincar à volta do nosso jipe. Brinco um pouco com elas e apresento-me ao chefe de aldeia, chefes de suco e os homens sábios (Katuas), enquanto observo de soslaio as mulheres da comunidade que timidamente observam as minhas vestes e sorriem entre elas, algumas com pequenas gargalhadas. Depois de cumprir com os cumprimentos protocolares dirijo-me até elas, conversando um pouco, no meu tétum pueril. Demonstram o seu agrado por verem que visto as suas roupas e fazem comentários entre si, num outro dialecto local que desconheço. Fico para almoçar, aceitando o seu generoso convite.

Entrego-me à missão e a todos os que posso alcançar. Dou o melhor de mim, esperando e acreditando que terá os melhores resultados. Não sei por quanto tempo ficarei, não sei exactamente as repercussões desta entrega. Mas neste momento isso não é o mais importante. E o que é o mais importante? Dar generosamente… parece que não sou a única a acreditar que quanto mais dermos mais receberemos!!!!!!!!!

A alegria

Para nós, seres humanos a forma mais fácil de percebermos o valor das coisas é pela perda. A maior parte das vezes só percebemos a importância de algo quando a perdemos.

A alegria é provavelmente a coisa mais fácil de valorizar. Todos nós sabemos o que significa a alegria, porque já sentimos a tristeza. Acreditamos que é algo normal, que faz parte da nossa condição de seres imperfeitos…

A minha vida transformou-se completamente quando percebi que a alegria vem de dentro de nós, independentemente do que se possa passar à nossa volta. O nosso estado de espírito depende do nosso bem-estar global. Primeiro temos de cuidar de nós, da nossa saúde física e espiritual. Em primeiro lugar temos de nos amar incondicionalmente. Só assim poderemos amar e ser amados.

Apesar de todos os escolhos que vou encontrando no caminho limpo a alma de todos os pessimismos que me vão querendo invadir. E quando a tristeza quer lembrar-me que existe a alegria, busco a luz e com fé vou de encontro ao Pai. Fico lá por um pouquinho, recebendo a sua luz e amor. Ele fala comigo e os anjos segredam-me ao ouvido os passos a dar.

Quando te sentires triste, sente os Seus braços carinhosos e perenes e fica atenta/o às palavras dos teus anjos, que te guardam a todo o momento.