sábado, 27 de janeiro de 2007

O silêncio


Depois de dois meses a viver em Dili, regressei a Lospalos de “malas e bagagens”. Procurei o acolhimento das Irmãs Canossianas, que já conhecia de 2004. Existe uma grande estima e consideração recíprocas. Partilho com as Irmãs todas as refeições. Às sextas-feiras, na hora de jantar, o silêncio tomar lugar.

Sendo, por natureza, uma pessoa comunicativa os momentos de silêncio são como um elixir. Tomo-os como uma oportunidade para moderar os meus ímpetos comunicacionais. Não devo apenas às Madres Canossianas os rejuvenescedores silêncios. Devo igualmente às circunstâncias da missão que me obrigam a momentos longos de descanso (pela dureza do clima e do trabalho). Devo ainda a uma pessoa amiga que brindou a nossa amizade com longos silêncios.

Os silêncios são de diferentes naturezas: momentos de partilha, de descanso, de oração, proporcionando grande crescimento interior. Somos conduzidos a penetrar no nosso “Eu” interior, conviver com ele, apreciá-lo, aceitá-lo e a amadurecer, transformando as nossas debilidades em forças. Proporcionam uma maior clareza, serenidade, mesmo em momentos difíceis.

A todos os que me conduzem e disciplinam nestes belíssimos momentos de recolhimento, aqui vai o meu agradecimento.

domingo, 7 de janeiro de 2007

De partida para o distrito


Dentro de poucos dias irei finalmente “assentar arraiais” no distrito de Lautem. Passei quase dois meses em Dili, nos preparativos para a missão de acompanhamento do processo Eleitoral em Timor.

Decorrido este tempo já posso fazer algumas reflexões. A primeira é que cada missão tem um colorido diferente. As lentes com que vejo esta são certamente diferentes. Esperava estar todo o tempo no Distrito, porque, como sempre afirmo, gosto mais do ambiente rural para trabalhar e viver. Estando “forçada” a viver em Dili durante todos estes dias fiquei a sentir de uma forma diferente o seu ambiente e as pessoas que dele fazem parte. Percebi a sua beleza, apesar de continuar a apreciar mais o meio rural.

A partir desta semana permanecerei em Lautem, trabalhando afincada e directamente com a população.

Visto de novo a Lipa e calço os chinelos. Rasgo o sorriso e caminho até às crianças que se encontram a brincar à volta do nosso jipe. Brinco um pouco com elas e apresento-me ao chefe de aldeia, chefes de suco e os homens sábios (Katuas), enquanto observo de soslaio as mulheres da comunidade que timidamente observam as minhas vestes e sorriem entre elas, algumas com pequenas gargalhadas. Depois de cumprir com os cumprimentos protocolares dirijo-me até elas, conversando um pouco, no meu tétum pueril. Demonstram o seu agrado por verem que visto as suas roupas e fazem comentários entre si, num outro dialecto local que desconheço. Fico para almoçar, aceitando o seu generoso convite.

Entrego-me à missão e a todos os que posso alcançar. Dou o melhor de mim, esperando e acreditando que terá os melhores resultados. Não sei por quanto tempo ficarei, não sei exactamente as repercussões desta entrega. Mas neste momento isso não é o mais importante. E o que é o mais importante? Dar generosamente… parece que não sou a única a acreditar que quanto mais dermos mais receberemos!!!!!!!!!

A alegria

Para nós, seres humanos a forma mais fácil de percebermos o valor das coisas é pela perda. A maior parte das vezes só percebemos a importância de algo quando a perdemos.

A alegria é provavelmente a coisa mais fácil de valorizar. Todos nós sabemos o que significa a alegria, porque já sentimos a tristeza. Acreditamos que é algo normal, que faz parte da nossa condição de seres imperfeitos…

A minha vida transformou-se completamente quando percebi que a alegria vem de dentro de nós, independentemente do que se possa passar à nossa volta. O nosso estado de espírito depende do nosso bem-estar global. Primeiro temos de cuidar de nós, da nossa saúde física e espiritual. Em primeiro lugar temos de nos amar incondicionalmente. Só assim poderemos amar e ser amados.

Apesar de todos os escolhos que vou encontrando no caminho limpo a alma de todos os pessimismos que me vão querendo invadir. E quando a tristeza quer lembrar-me que existe a alegria, busco a luz e com fé vou de encontro ao Pai. Fico lá por um pouquinho, recebendo a sua luz e amor. Ele fala comigo e os anjos segredam-me ao ouvido os passos a dar.

Quando te sentires triste, sente os Seus braços carinhosos e perenes e fica atenta/o às palavras dos teus anjos, que te guardam a todo o momento.