sexta-feira, 27 de abril de 2007

O tempo

Temos momentos em que desejamos que o tempo não passe. Outras esperamos que passe rapidamente, tão rápido que não se sinta. Caimos na estratégia ardilosa da mente de controlar algo que, afinal de contas, não existe. O tempo como o interpretamos não existe. Existe apenas o sentir diferente, consoante as sensações de dor ou de prazer.

Evitamos a dor e veneramos o prazer. Transformamo-nos em escravos do hedonismo e agoirentos do sofrimento. Conhecemos e aceitamos que existe a noite e o dia, o quente e o frio, o doce e o salgado, o seco e o molhado, o dentro e o fora, por cima e por baixo, mas ainda não conseguimos suportar o antagonismo da alegria e do sofrimento.

O tempo é um grande mestre, que mostra que nada é permanente. O tempo cura as feridas e traz novos presentes, que de novo incluem dor e prazer. O tempo também nos ensina que para viver em harmonia há que experimentar ambos, dando-lhe a importância que têm: nem o prazer é assim tão fantástico, nem o sofrimento tão mau. Precisamos de ambos para viver e crescer espiritualmente.

Levo o amor aonde vou. Transporto-o em cada olhar, transporto-o em cada toque, a cada irmão e irmã. O tempo sussurrou-me ao ouvido que carregaria de volta mais amor, mais compaixão, perdão e reconciliação!

Confio em ti, ó tempo, ó mestre, ó curador.

Permite-me que não me limite a confiar. Permite-me que te recorde da tua promessa, multiplicando ainda com mais sorrisos e suaves toques de amor fraterno.

Espero-te, contudo, naquela esquina onde sussurraste com o vento: “Tudo é possível, basta AMAR, basta dar-se com a generosidade do vento que transporta cada grão ao lugar onde renascerá aquele fruto que um dia também foi semente.

SEMENTE – FRUTO – SEMENTE

Que importa o tempo que levou o processo?! O tempo não conhece o «muito» ou «pouco». Simplesmente é.

Amiga/o, simplesmente SÊ. Dá o melhor de ti. Quando estiveres na madurez da tua existência e quase a ser semente recordarás a beleza do processo. Recordarás que o processo é mais importante que o fruto em si.

SIMPLESMENTE SÊ!!!!

sexta-feira, 13 de abril de 2007

A saudade

Não sinto saudade dos que amo
Porque os tenho presente todos os dias na minha pele, no meu coração, na minha mente, na minha alma

Não tenho saudades das paisagens que conheci
Porque as trago presentes na retina

Não tenho saudades dos objectos que deixei para trás
Porque não preciso deles

Sinto apenas saudade dos sonhos por realizar...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Somos loucos

Somos loucos.

Nós,
os que sonhamos,
os que desejamos com grande paixão um mundo melhor,
os que perseguimos ideais humanitários,
os que colocamos em risco a nossa saúde em locais inóspitos e insalubres,
os que deixamos as nossas famílias por longos períodos,
os que trocamos uma cama lavada e a cheirar a fresco por um saco-cama pestilento,
os que choramos baixinho quando vemos a fome e a doença perante a momentânea e aparente impotência...

Nós,
os que sonhamos,
os que abraçamos as utopias,
os que arregaçamos as mangas e sujamos os pés na lama,
os que saltamos de alegria com o sorriso de uma criança,

Somos loucos
Somos felizes
Somos paz, somos luz, somos amor!!!!!!!!!!!!!

quarta-feira, 4 de abril de 2007

Caminho bifurcado

Num dos momentos de meditação recebi a seguinte mensagem: “Para encontrar o caminho é preciso estar perdido”.

Preocupamo-nos muito quando nos sentimos perdidos, quando a vida nos brinda com um caminho bifurcado. Temos dificuldade em tomar decisões, em tomar opções. Vamos acumulando tensões, vamos perdendo a lucidez e instala-se o medo que nos paralisa. Deixamos de viver o presente e ocupamos cada minuto para desvendar todos os obstáculos que eventualmente nos podem aparecer no caminho.Em vez de viver e saborear cada momento que o presente nos proporciona, accionamos o pensamento pessimista. Esta onda energética com certeza trará todos os pensamentos que mentalizamos. E tudo o que acontece de negativo nós interpretamos como uma verificação dos nossos maus presságios. Pensamos: “Eu tinha razão! Aconteceu como eu previa”.

Se, ao contrário, desenvolvermos pensamentos positivos e visualizarmos o que desejamos, estamos a canalizar as energias para que isso se dê, tenha lugar. A vida traz-nos vários presentes que muitas vezes não sabemos apreciar. Porque tememos sempre as coisas más e temos a nossa mente programada para evitar o sofrimento, vamos perdendo a capacidade de identificar as coisas boas. E quando elas surjem duvidamos com grande ênfase da sua veracidade e comentamos: “Parece demasiado bom para ser verdade”. As experiências dolorosas do passado fazem-nos hipotecar o nosso futuro, pelas ondas de medo que geram e nos paralisam, quando, em vez disso, poderíamos abraçar todas as maravilhas que o presente nos oferece. Em cada minuto recebemos infinitas bençãos que já não nos damos conta. Cada por-do-sol, cada gota de água que escorre pelo nosso corpo quando tomamos banho ou deixamos que a chuva nos toque, cada rajada de vento que nos acaricia o rosto, cada refeição que tomamos, cada abraço e sorriso que recebemos,...

Cada amanhecer nos recorda que o dia de hoje será diferente de todos aqueles que vivemos até ao momento. Esta habilidade de nos maravilharmos com a magia da vida é um dos segredos na arte de saber viver.

Nos dias em que parece impossível conseguir descobrir a beleza que nos rodeia, acontece sempre algo que nos conforta a alma. Basta estar atento e agradecido, por mais pequeno que seja o reconforto...

Nas coisas simples alcançamos isso: como uma bela borboleta que passa diante dos nossos olhos, um email ou um telefonema de um amigo que não sabemos notícias há muito tempo, um aguaceiro forte - mesmo quando nos apanha a meio do caminho...