Cheguei com outra missão em mãos. Dar apoio directo às populações, mas durante o período de eleições. Aguardo a decisão da colocação num dos distritos do país na área rural. Até lá vou frequentando as aulas de tétum, de forma a melhorar as competências linguísticas, que são fundamentais no contacto directo com os autóctones.
As sensações são variadas neste reencontro com o povo das duas caras (ora crocodilo, ora rapaz – ver a “Estória do Crocodilo”). O corpo precisa habituar-se às elevadas temperaturas e humidade do ar. A respiração torna-se mais difícil, as roupas colam-se ao corpo, as pernas parecem pesar mais, o pó circula no ar, os insectos importunam os movimentos sempre que tentam provar o sabor da pele ou sangue, o sol queima a delicada pele dos caucasianos.
Se por um lado o corpo vê-se sujeito a um novo ambiente que lhe parece hostil, por outro o espírito sente igualmente os novos desafios. A mudança de registo cultural é essencial, i.e., não olhar com os mesmos olhos as formas de “pensar, sentir e agir” dos timorenses. É necessário colocar novas lentes. As sensações mais difíceis de experimentar não são contudo as físicas. Ver as condições que a maior parte vive é certamente mais difícil…
2 comentários:
Ola Sonia!
Fiquei muito contente por ti quando soube que tinhas regressado a Timor. Acredito que para alguem na tua area de trabalho seja extremamente gratificate poder estar num terreno em que se alia de forma plena a antropologia com o trabaho humanitario, em que sentes na pele todos os desafios da caminhada que escolheste para esta vida. Espero que tudo corra pelo melhor, que a fase que agora (re)iniciaste te permita desenvolver e emriquecer as imensas capacidades que tens. Um beijo grande... vou espreitando por aqui!
Alexandra Paulino
Passo por aqui só para dizer que é bom saber que estás feliz. Naturalmente, sentimos saudades. Naturalmente, fazes cá muita falta. Mas o que faz mesmo falta e o que nos importa é que sejas feliz. E pelo que nos dizes isso é evidente. Naturalmente, deixas-nos felizes. Beijos e abraços deste longínquo, e cada vez mais triste, Portugal.
Sérgio Aires
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