sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

A viagem interior


As motivações para integrar uma missão designarão o tipo de postura que cada um adquire uma vez no terreno. Se as motivações integram exclusivamente anseios fugazes e aventureiros dificilmente haverá um interesse em trabalhar os aspectos interiores. Pelo contrário, se encarar o trabalho de missão como uma vocação, inevitavelmente brota a necessidade de desenvolver o seu interior. Alimentando a sua fome espiritual estará a guarnecer a sua alma com pepitas deliciosas de sabor imaterial, só apaladadas pelos que alimentam o seu desejo de degustação celestial.

A natureza do trabalho em missão funciona como uma auto-estrada no roteiro espiritual dos passageiros desse veículo que se chama vocação humanitária. Se esse é o seu caso partilho consigo alguns letreiros que indicam destinos possíveis nesta viagem - aqueles que até ao momento eu fui encontrando.

Todos somos chamados a fazer uma viagem interior, independentemente do lugar onde nos encontramos. Quando saímos do contexto quotidiano que habitamos há vários anos e nos deslocamos fisicamente para outro espaço geográfico esta viagem interior sente-se de uma forma muito evidente. Somos forçados pela natureza da vida em missão a olhar para dentro. Sendo convidados a fazer esta viagem (para fora das fronteiras geográficas e para dentro de nós) e aceitando o desafio já não se pode deter a meio. O piloto do avião não pára o motor em pleno voo. E mesmo que você tente abrir as portas da aeronave, será impossível! Por isso também esta viagem interior precisa preparação.

Assuma-se como piloto
A senda a aderir nesta viagem interior é importante que seja definida pelo próprio, já que o roteiro de vida é unipessoal e intransmissível. Siga a sua intuição, aprenda a ouvir a sua voz interna. Ela será o seu guia-mor. Ao longo da vida vamo-nos cruzando com pessoas que identificamos como orientadores e conselheiros, que lhe podemos designar de co-pilotos. Se tem o privilégio de conhecer seres de luz que estão mais avançados no caminho da espiritualidade e se encontram disponíveis a dar-lhe apoio, usufrua dessa oportunidade. Sabe, à partida, que encontrará poços de ar, trepidação mais ou menos violenta. Nessas ocasiões poderá necessitar com mais vigor de co-pilotos. Aceite o seu acompanhamento. No entanto, tenha sempre presente que você é o piloto do avião. Por mais indicações que receba de como deve pilotá-lo, é a si que cabe fazê-lo. Por mais sábios que sejam os conselhos e orientações, por mais lúcidos e certeiros que sejam os que os pronunciam é o piloto que conduz e por isso o que toma as decisões: a que momento preciso do voo, com que técnicas e perícia. Tome o controlo pleno de cada pormenor da sua viagem. É você quem dirige o itinerário, a velocidade, a altitude e todos os restantes elementos.

Os passageiros não serão sempre os mesmos. Com o passar do tempo uns vão entrando e outros saindo, seja porque uns nascem e outros morrem, ou porque a ordem natural do cosmos isso propicia. Poderão surgir situações em que as incompatibilidades com alguns passageiros se tornam muito volumosas e a convivência parece insustentável. Independentemente do tempo que leve a digerir esses antagonismos, esforce-se por os ultrapassar. A mágoa e ressentimento só tornam o caminho mais difícil. Carregar pesos nos ombros torna a navegação mais agreste. Faça a viagem o mais leve possível libertando o amor que leva dentro.

Para além dos passageiros e dos co-pilotos existem ainda os tripulantes, elementos imprescindíveis no seu itinerário. Eles são os que o apoiam em manter a harmonia a bordo. São pessoas muito importantes para si, tenham ou não laços de sangue. Identificam-se com o gosto de voar na sua aeronave e dispõem das competências para a manutenção dos voos. A experiência irá ajudar a identificá-los com maior facilidade e a fazê-los sentir-se importantes e acompanhados no processo.

Os contextos de missão impulsionam o motor do avião fazendo-o seguir em velocidade cruzeiro. As experiências que se vivem são de tal forma intensas que nos conduzem quase em piloto automático.


Dieta espiritual
Em tempos ancestrais o Homo Sapiens Sapiens deixou o seu estilo de vida nómada. Quando passou a dominar as técnicas do cultivo da terra e domesticação dos animais deram-se as condições para se tornar sedentário. Controlando as artes da agricultura e da pastorícia, começou a ter ao seu dispor alimentos em excesso. Assim cedeu à tentação de ingerir mais calorias das que necessitava. Por isso é fácil perceber porque para muitos ser gordo ainda é um sinal de abundância. Daí a ideia generalizada de que a palavra «dieta» refere-se simplesmente à diminuição da quantidade de alimentos. A origem etimológica da palavra vem do grego díaita, que quer dizer «género de vida» (http://www.priberam.pt/). Dieta é o consumo de alimentos em quantidades suficientes para o nosso bem-estar que, em grande medida, testemunha o nosso estilo de vida. Recorrendo à variedade de alimentos de forma a aportar ao organismo um equilibrado valor nutritivo, estaremos a contribuir para um equilíbrio a todos os níveis do ser.

Do mesmo modo o espírito precisa ser nutrido. Tal como na dieta alimentar, a dieta espiritual pode ser em quantidades volumosas sempre e quando mantiver periódicos exercícios. O consumo de alimentos imateriais não provocará obesidade incorpórea se existir uma boa preparação. O alto valor calórico não constituirá um problema se mantiver bem cuidada a sua alma, bem exercitada. Podemos ver que os que se dedicam o seu tempo exclusivamente ao mundo espiritual - como os que seguem uma vida religiosa - não têm necessidade de reduzir as calorias espirituais armazenadas. Precisamente porque elas nunca são em excesso. Como estão rodeados de pessoas que fizeram a mesma opção, têm acesso fácil a orientação e apoio por aqueles que estão mais avançados no caminho. Diariamente cuidam a sua higiene pessoal, que não passa unicamente pelo asseio do corpo físico. Neste sentido, se decidir ter uma dieta espiritual mais calórica convém ter alguns cuidados. É importante perceber onde quer chegar. Assim poderá traçar o roteiro. Embarcar nesta viagem sem qualquer suporte é arriscado e penoso.

A estética interior
A sociedade contemporânea preocupa-se imenso com a estética externa dos indivíduos. Tal obsessão deixou de ser imputada exclusivamente às mulheres, impondo aos homens os mesmos níveis de exigência do «belo». Como os conceitos de beleza se alteram com as tendências da moda e a aparência dos seres humanos não se modifica instantaneamente e de acordo a esses padrões, criou-se a necessidade de provocar a mudança desejada artificialmente. Algumas das transformações a que os indivíduos se submetem são traumáticas, exigindo períodos de recuperação longos.

Existe uma preocupação excessiva por manter corpos esbeltos e que se adeqúem com as tendências de moda vigentes. Simultaneamente em cada cultura existe uma concepção do belo que leva muitos dos seus participantes a sentirem-se forçados a encaixar nesse modelo. Na manutenção da imagem veiculada como ideal estão colocados ao dispor dos interessados uma série de fórmulas e métodos. Disponibilizam-se dietas alimentares saudáveis, exercícios físicos variados, tratamentos corporais eficazes, medicamentos de última geração, cirurgias estéticas com tecnologia de ponta.

Cuidar do corpo é importante. Cuidar unicamente dele é redutor. Utilizados de forma adequada e equilibrada, estes elementos podem contribuir para o bem-estar das pessoas. No entanto, há já algum tempo que se percebeu que trabalhar exclusivamente o corpo é uma abordagem simplista. A mente e o espírito precisam igualmente de cuidados, visto que não são indissociáveis. Corpo e espírito vivem em simbiose, são interdependentes.

Ao cair-se no extremo da valorização desmedida da estética exterior, as pessoas começam a sentir a necessidade de trabalhar a sua estética interior. Quando tentam orientar-se nessa direcção sentem-se perdidos porque não dispõem de coordenadas, referências. Por isso é comum cair-se nas mãos de oportunistas e charlatães. Outros indivíduos seguem num caminho adequado, mas confrontam-se com consequências e realidades que não estavam à espera. Dou o exemplo daqueles que adquirem elevados níveis de lucidez e passam a enxergar factos de que antes não eram conscientes. Na verdade, algumas das coisas que passamos a conseguir ver são muito difíceis de digerir. Outro exemplo é quando se começa a manipular energias conscientemente. A adaptação do corpo e mente a esses esforços elevados levam à exaustão e ao consequente desafio de se libertar de cargas energéticas. É fácil e cómodo desistir. Para além de termos dificuldade em desvendar soluções para os novos problemas que vamos encontrando, não é fácil ter alguém para nos dar uma orientação. Em muitas situações basta saber que determinadas coisas que estamos a viver são elementos normais do processo. Outras vezes precisamos receber ensinamentos de como proceder.

Dilemas entre o material e o imaterial
Nós, os que alimentamos a nossa fome espiritual, lidamos com vários dilemas. A dimensão terrena obriga-nos a manter uma focalização bilateral, entre o material e o imaterial. Por exemplo, aqueles que precisam trabalhar para sobreviver e simultaneamente optam por constituir família lidam com desafios adicionais no equilíbrio entre uma e outra dimensão. Quando se dedica esforço aos deveres familiares e profissionais, o desenvolvimento espiritual pode entrar em abrandamento. Destinar mais dedicação a um ou a outro dependem de vários factores circunstanciais presentes no processo de crescimento de cada um.

Quem deseja nutrir e muscular o seu interior e vive no mundo urbano encontra um desafio acrescido nesta viagem. Ainda se acredita que a tecnologia é uma entidade mágica que resolve todos os problemas. Agrada-nos a ideia de podermos fazer tudo mais rápido. As vidas urbanas atingiram tal artificialidade e velocidade que não reparamos o quanto nos afastamos de nós e dos demais. As florestas de betão tomaram o lugar dos elementos da natureza. São lugares artificiais que se tornam ainda mais hostis com a poluição a vários níveis.

A nossa dimensão material é o que nos faz ter a ligação à terra. Por mais que desejemos ir subindo nos degraus da espiritualidade, não nos podemos alhear da nossa natureza corpórea. O corpo precisa de alimento e manutenção. As nossas vidas precisam ser geridas, mesmo que tenhamos de cumprir com aqueles afazeres diários mais comezinhos.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Os corações puros e transparentes

Os corações puros possuem uma energia admirável. Eles dominam a linguagem do bem-querer, da fraternidade e da partilha. Eles conhecem o sabor da liberdade que traz o amor incondicional, o desapego material, de status ou de poder. Eles acreditam nas pessoas, têm fé na mudança do ser humano, confiam nas boas intenções.

«Ingenuidade» é uma palavra fácil de utilizar para classificar aqueles que assim encaram o mundo. Permitam-me discordar. Essa energia de canalizar as suas projecções mentais para o melhor que as pessoas têm denota uma força notável.

Ingenuidade é pensar que os portadores dessa postura face à humanidade se fragilizam. Com medo de se magoar o Homem constrói muros e bunkers à sua volta. Protege-se com a desconfiança, plantando o sentimento de perigo iminente. E, em variados casos, antes que seja apunhalado, semeia uma renovada traição, agindo com uma jogada de antecipação. Assim as pessoas vão-se magoando mutuamente.

Qual das formas de encarar o mundo fragiliza mais: a do coração puro e transparente que se dá sem reservas ou a do coração opaco e gotejante que vai dando cautelosamente e na medida do conta-gotas, podendo retroceder no momento de apertar a bolha de ar?

Os corações puros e transparentes não desperdiçam as suas energias no cálculo do quanto dar. Simplesmente dão! Para além de receberem em troca a mesma generosidade, abrem as portas do melhor que cada um tem. E assim se vão nutrindo mutuamente. Naturalmente encontram-se e lidam com corações opacos e gotejantes. O contacto das diferentes linguagens pode provocar ruídos na comunicação e mal-entendidos. Códigos dissemelhantes podem abrir feridas. No entanto, os que se deram sem medida, sem medos e sem truques possuem a grande vantagem de conhecer a força inquebrável do alimento nutritivo e inesgotável do amor livre! Também acredito que semeiam nos demais a dúvida: de que, eventualmente, vale a pena viver o risco de pedir emprestadas essas asas libertadoras. Pois quem se dá livremente, independentemente dos escolhos que vai encontrando, estará sempre acompanhado do elixir mais poderoso que existe: o do amor sem medidas.

Chamem-me ingénua, romântica ou incauta. Só sei que por mais ruídos de comunicação que vou encontrando com as almas gotejantes e cerradas, vou alicerçando as fundações da ponte que me leva em rumo da grande realização pessoal, amando os corações mais pingantes.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Utopia?

Os voluntários são guerreiros pacifistas. Empreendemos as batalhas pela paz e bem-estar da sociedade em geral. Seguimos a utopia de que é possível que o movimento de voluntariado crie mudanças sustentáveis na sociedade. Todos juntos podemos organizar-nos e diminuir o sofrimento: combatendo as doenças, a pobreza e miséria, a violência e a guerra, ...

Acredito que o movimento de voluntariado pode tomar uma dimensão tal que alcance suprimir grande parte das desigualdades existentes no mundo. Parece uma utopia e por isso impossível concretizar. Todavia, as utopias transformam-se em realidade quando os Homens e as Mulheres se reúnem e trabalham em uníssono no alcançar de objectivos comuns. Quando se aliarem os que possuem as competências, os que dispõem dos meios logísticos e financeiros e os que são detentores dos conhecimentos científicos tal ficção poderá transformar-se em realidade.

Muito em breve vou desafiar-vos a viver esta grande aventura dos guerreiros pacifistas ;)

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

A onda imparável da positividade

Quem já experimentou mergulhar no oceano sabe que é impossível parar uma onda. Os surfistas compreendem isso melhor que os demais. Por isso usufruem da sua força imparável e viajam nelas. Aprendamos com eles e utilizemos a sua capacidade de apreciar tal deleite. Apanhemos as ondas de positividade e façamo-nos transportar nelas empregando essa poderosa energia em todos os nossos afazeres.
Aproveitemos esse impulso para retirar do nosso vocabulário expressões do género: “É muito difícil”, “Não consigo”, “Isto não vai a lado nenhum”,… Com delicadeza deitemos fora todos os pessimismos, essas ondas negativas que nos encarquilham a alma. Agarremos todas as ondas positivas. Passemo-las aos que amamos e aos outros também. Pintemos o nosso rosto com um sorriso constante. Sejamos avarentos nas lamentações e nas reprimendas. Sejamos generosos nos afectos, nos elogios, na cooperação.
Coloca-te na prancha da positividade e aprende as artes de viajar entre cada onda. Dá tempo ao tempo nesse processo de aprendizagem. É indescritível a sensação de liberdade de voar com o vento. Por instantes perdemos o contacto com a água e os pés ganham asas. Sentir-te-ás tão ditoso que rebentas se não partilhas o que te vai dentro. Quando navegares essa onda passa-a aos teus próximos. Assim contribuirás para a multiplicação das vagas no oceano a que pertences. E quanto mais encrespado estiver o mar, melhor será!

Sonhos

Os sonhos são os tesouros situados nas duas pontas do arco-íris. Persegue-os. Pinta os teus arco-íris. Só tu sabes as tonalidades de cada cor que os compõem.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

O desvairo de concretizar os sonhos

Todos nós temos sonhos. Eles estão impressos algures, dentro de nós. De vez em quando vêm à superfície solicitando-nos que os tornemos exteriores a nós, pedindo-nos que os levemos a cabo. Quantas vezes lhes dissemos: “Fica para mais tarde, fica para depois. Agora não pode ser. As circunstâncias não o permitem.” Por quanto tempo vamos manter este discurso de adiar repetitivamente o que o nosso eu mais íntimo nos incita?

Partilho contigo as sensações que me ocuparam no momento de viver as experiências libertadoras de ousar concretizar os sonhos que transporto dentro.

Envolve medo, angústia pela incerteza do que está no topo da montanha, que é o sonho a concretizar e principalmente que escolhos vamos encontrar no caminho. Esse sentimento ocupa-nos e prende-nos os movimentos. Temos receio de sofrer, daquilo que temos de largar mão se nos arrojarmos a fazer a viagem (seja ela geográfica ou interior). E sabemos que se ficamos no mesmo lugar onde nos encontramos, sempre nos questionaremos: “Como seria a minha vida se arriscasse concretizar este e aquele sonho”. E a angústia vai aumentando de volume e tamanho, tornando-se numa camisa de forças. Os que nos rodeiam começam a perceber que algo dentro de nós começa a levar-nos para longe. É natural que os que nos amam quando são elucidados do lugar onde estamos quando o pensamento voa, se assustem. É natural que eles sejam os primeiros a apertar mais a camisa de forças que transportamos. Questionamo-nos se estamos a ficar loucos. Questionamo-nos se vale a pena. Principalmente porque saberemos que muitos dos que amamos sofrerão com os riscos de trilhar alamedas novas e desconhecidas também para eles.

Posso confidenciar-vos que mais de um par de vezes saltei para o vagão do comboio que me conduz na concretização de sonhos que carrego dentro. São decisões ponderadas, muito digeridas, que levam o seu tempo a amadurecer. Um turbilhão de sentimentos me invadiram, como os que acabei de descrever. E no momento em que decido - em que me digo: “É agora! Aqui vou eu!!!!!!!!”- sinto um frio na barriga. É semelhante à sensação que se experimenta quando pela primeira vez saltamos de uma prancha para a água. As seguintes decisões, de concretizar os demais sonhos, continuam a provocar esse gelar no estômago. Curiosamente, à medida que vamos concretizando os restantes sonhos, a prancha parece ir subindo de altura!!! Creio que se deve aos sonhos seguintes implicarem maior arrojo, pelos desafios que abarcam. Deve-se igualmente à maturidade. Ela traz lucidez e consequente consciência mais abrangente das implicações de cada decisão. Por isso as sensações não diminuem, mas vão aumentando de intensidade.

Não deixes que as vozes derrotistas transformem os teus sonhos em fumo. Não deixes que os ridicularizem. Eles são teus! Trata-os bem! Com carinho e com orgulho. Nada é impossível, nada. Basta acreditar, basta crer com toda a nossa alma. Basta valorizar o melhor que temos e nos rodeia. Basta partir dessa capacidade de agradecer tudo o bom que temos. Estamos neste mundo para ser felizes. Cada minuto que passa recorda-nos isso. Tik tak, tik tak, tik tak. É hora de ser feliz. É hora de dar os passos na construção dessa felicidade. A felicidade não é um momento, um instante. A felicidade é a alegria de percorrer o caminho direccionando-nos na construção dos nossos sonhos. Existem momentos em que duvidamos, em que fraquejamos. É normal, faz parte do processo. São momentos fulcrais de realinhamento, de tirar de novo as coordenadas e reajustar o itinerário.

Envolve os que amas nesse percurso. Independentemente de estarem longe ou perto, de temerem que sofras, eles torcem por ti. Não deixes de seguir os teus sonhos porque achas que vais fazer sofrer os que amas. Porque eles só serão plenamente felizes se tu o fores! E isso sim é a prosperidade!!!!!!!!!

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Ode ao Silêncio


Silêncio
Acolhe-me
Envolve-me em ti
Deixa-me ficar em tua casa

Quero deixar de ser tua hóspede
Para passar a pertencer à família

Quantas vezes terei de servir à tua mesa?
Imagino que as necessárias
Até que aprenda todas as lições da palavra muda

Vamos os dois passear pelo som vivo da tua presença
Leva-me pela mão nesses labirintos de cristal
Deixa-me só naquele instante em que os gritos de vitória ocupem o vácuo
Ai anunciarás que estarei preparada para o início
O início da comunicação autónoma

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

O legado do meu amigo Jerónimo


Nós, aqueles que escolhemos seguir o nosso coração sentimos de forma muito peculiar o que significa a palavra "precariedade". Porque para seguir o caminho que nos dita a intuição precisamos aceitar que a vida é impermanente. Tudo muda, a cada instante. Sem darmos conta, nós estamos em constante movimento, rotação - o planeta terra não está fixo, ele gira em torno do sol.

Só compreendendo isso - aceitando que a permanência não existe - podemos sentir a coragem para palmilhar o caminho da felicidade. Isso não significa que as escolhas que fazemos na vida sejam fáceis. E quem disse que para ser feliz o caminho percorrido é constituído de facilidades? Pelo contrário!!!!!!

Ao longo da vida vamos fazendo escolhas. Muitas vezes somos confrontados com percursos que não desejamos fazer, opções que não estávamos preparados para tomar. Aí, damo-nos a oportunidade de levar tempo a decidir. É natural que aqueles que têm um coração muito grande desejem levá-lo a muito lugares desconhecidos. O medo apodera-se nesses momentos e sentimo-nos atados por eles, quase incapazes de optar e consequentemente de viver.

O meu amigo Jerónimo partiu há dois dias. Ele deixou um bonito legado, que não se esgota nas suas belas filhas e esposa. A mim (e a outros certamente) ele deixou outra herança. Ele e elas ensinaram-me que a vida é para viver agora, que não podemos deixar para amanhã para amar, partilhar, experimentar...

Apesar de ele me expressar em palavras que não suba para os aviões que me levam ao próximo destino, o seu testemunho ajudou-me a seguir a voz interna que me conduz no trilho iluminado da felicidade.

Obrigada Jerónimo

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Maratona

Estar em missão é como correr uma maratona
O cortar da meta é visualizado em cada passada
Corremos para lá chegar
Suamos
Vamo-nos hidratando entretanto
E quando estamos perto da linha de chegada
As forças parecem querer fugir
Para de novo emergirem
Cumprido o objectivo regressamos a casa
O sabor da vitória mistura-se com a visualização de outra meta
E o tempo de espera que leva a recuperação
Torna-nos impacientes, ao mesmo tempo que ausentes
Até que nos vemos, de novo, com os pés no alfalto
Regogizando com o realizar do presente repto

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Avança!

Avança!
Adianta agora caminho
Dá passadas fortes, seguras
Agarra com as duas mãos o testemunho que te deixam
E parte na jornada anunciada

Não temas pelo depois
Não teimes nos “porquês” e nos “senãos”
Assume com alegria a verdade anunciada

Constrói
Consome o ar, não o poupes
Respira a beleza que te acompanha

Chegou o momento
É agora!!

sábado, 28 de julho de 2007

Renascer

Consciencializo onde estou e as condições de vida que aqui possuo
Percebo que este contexto não se repetirá:
As manhãs precoces
Os dias longos
O silêncio da natureza
As noites calmas
A chuva e o alvor

Aqui voltei ao início
Aqui recomecei
Aqui voltei a nascer
Aqui um novo grande ciclo teve o seu início
O meu segundo ciclo!

E como para quem nasce tudo é novidade
Terei de acostumar-me à descoberta
A reconhecer o novo e a explorá-lo em vez de temê-lo.

terça-feira, 24 de julho de 2007



















As horas vazias ocupam-te a mente
Baralham os pensamentos
Não permitas que te guiem, que te aconselhem
Dá-lhes ar, espaço
Até que desapareçam...

Treina a tua mente ser ocupada pelo vazio
Treina o teu corpo ser ocupado pelo trabalho
Treina o teu espírito ser ocupado pela oração

Humildemente autoriza que te iluminem o caminho
Em cada passo verás onde colocas os pés
E mesmo que não visualizes o trilho mais adiante
Confia
Quando lá chegares novas tochas te iluminarão
A sombra que te acompanha recorda-te que não estás só

quarta-feira, 11 de julho de 2007

As horas



















As horas adquiriram um novo som
As horas agora têm um novo sabor
As horas possuem uma nova textura
As horas já não têm o mesmo odor
As horas cobriram-se de cores diversas

Elas são mais
melodiosas,
doces,
macias,
aromáticas e
transparentes.

Convidam
À partilha
Oração
Contemplação e
Meditação.

São
Generosas
Gentis e
Misteriosas.

Anunciam o concretizar de preces antigas
Aconselham prudência conduta
Festejam o alcançado!

domingo, 8 de julho de 2007

Passadas



















A alegria da missão cumprida
Eleva os olhos em direcção ao horizonte
Faz desenvolver a semente
Do projecto maior que está a crescer
É ainda embrião
Mas já deixou de ser mórula

Vou dando passadas em direcção aos próximos desafios
Os que virão serão ainda mais altos
Alimento a serenidade,
O amor fraterno
O bem fazer.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Harmonia fraternal


















Liberta-te dessa camisa de forças
Desse peso que os deveres te sufocam
Constata a beleza que te rodeia
E que o urgente, afinal não é tão apressado
Revê as horas e os dias que te faltam
Como se fossem gotas de orvalho
Que caem sem que dês por isso
E quando olhas em volta reparas no ar fresco que deixam

Convoca os teus irmãos para que festejem contigo
A alegria do passar dos dias
Esses que vos presenteiam com a partilha mútua
Que vos recordam a alegria da amizade

Deixa que o sabor da compaixão
Penetre nas papilas gustativas do teu coração
Permite que saia dos teus lábios
O doce som da harmonia fraternal
Abraça cada um com a alma
A alma que te sai dos olhos em cada pestanejar